29.8.06

Da Eterna Busca

Insaciedade. Eis um bom termo. Sou assim: desejo ardentemente alguma coisa e quando consigo alcançá-la, ela já não me basta mais. Que fique claro: não é descontentamento. Fico contente com todas as minhas conquistas. Mas elas nunca me bastam. Sempre quero ampliar mais e mais os meus feitos. Sempre quero ampliar mais e mais meus domínos. Um pouco de megalomania. Um pouco de poder. Um pouco de possessividade. Não me entedio dos meus pertences: de modo algum! Minhas coisas (pessoas, objetos, cargos, relações, saberes, etc, etc) são degustados por mim constantemente. Se tenho alguma coisa que já não me desperta mais interesse, eu a deixo ir embora. Dou para alguém que faça melhor uso. Não sou egoísta e, se não usufruo, me desapego. Mas sempre sinto que preciso ampliar seus raios de ação. Se sou graduada, queo me especializar. Se sou especialista, quero ser mestre. Enfim: entrei na faculdade apenas porque era o único caminho para ser Phd, senão, já teria ido direto pra lá.
Se hoje faço a primeira aula de forró, é apenas porque quero fazer bonito na primeira oportunidade que tiver. Se der certo, vou querer dançar na "dança dos famosos" e por fim, integrar o Calypso.
Se estou desempregada, sonho com alguma ocupação que pague minha Unimed no mês. Se consigo, faço hora extra pra ser promovida. E se for: vou trabalhar de sol a sol para ser chefe.
Se conheço alguém interessante, quero que ele venha falar comigo. Se ele fala, desejo que ele fique. Se ele fica, imagino que nós nos casamos.
Ah! como seria mais fácil querer apenas uma casa no campo, para eu plantar minha família, meus amigos, meus discos, livros e cachorros...mas, como alguém mais perspicaz já pôde perceber, nem a letra original da música já me satisfaz...

Oração

Não me iludo, tudo agora mesmo pode estar por um segundo.
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver

Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei

Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei...

27.8.06

Melodrama. Meus dramas.

"Então tá tudo dito e é tão bonito
E eu acredito num claro futuro
de música, ternura e aventura
Pro equilibrista em cima do muro.
Mas e se o amor pra nós chegar,
De nós, de algum lugar
Com todo o seu tenebroso esplendor?
Mas e se o amor já está,se há muito tempo que chegou
E só nos enganou?"
Tá combinado - Peninha

Confusão

Confusão: suas roupas têm cheiro de perfume, mas você não sabe definir qual. Teus cabelos têm o tom, mas você não pode precisar a cor. Suas mãos, seu olhar, tudo está ali. Mas você não sabe exatamente o que isso quer dizer. E as ondas fazem seu balé e se por um lado, você acha magnífico tamanha grandiosidade, por outro você sente muito medo de onde isso tudo vai parar e o porquê das coisas serem assim e é preciso saber quem está no comando e finalmente: não é você!
E eu pensei que fosse...

26.8.06

For All

Hoje foi meu primeiro dia como forrozeira. A bem da verdade, foi o primeiro dia de aula. O maior arrasta pé. Ou melhor: o maior embola pé!
Acho que levo jeito pra coisa. Um pouco de prática e vou dar pro gasto. Afinal, quem conseguiu aprender lambada pode tranquilamente aprender dança de salão e forró, pode não?
Vou ficar treinando durante a semana...não sei como, p0rque não tenho cd assim, mas vou dar um jeito. E, dentro de pouco tempo, partiu forró!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Ps: isso foi um post meio besta...mas é pra variar um pouquinho. Amanhã retornaremos às atividades normais.

25.8.06

Eu sou uma psicóloga!

Eu sou uma psicóloga! Eu sou uma psicóloga! Eu sou uma psicóloga! Eu sou uma psicóloga! Eu sou uma psicóloga! Eu sou uma psicóloga! Eu sou uma psicóloga! Eu sou uma psicóloga!

....

E estou MUITO feliz por isso hoje!

23.8.06

João e o Pé de Feijão - Parte 3.

Os meses foram passando sem que João sentisse. Ele estava tão satisfeito com o que tinha que novamente não percebeu que sua atitude de negar-se a crescer se voltava contra ele. Isto porque, tudo ao seu redor se modificava - incluindo Maricotinha, que a cada dia estava mais amadurecida - menos João, que insistia em comportar-se como um eterno garoto.
Um dia, chegou na escola o novo médico, que seria responsável pelo acompanhamento clínico dos alunos. Seu nome era Benjamin e ele era conhecido na cidade como um profissional muito competente. Desde a primeira vez que o viu, Maricota sentiu seu coração disparar. Ela não sabia dizer se era por causa do jaleco (que ela sempre achara encantador), se era pela aparência de quem sabe tudo ou se era pelo simples fato de que ele era bem mais velho que ela, mas o caso é que ela se apaixonou perdidamente por ele. E por isso, no primeiro ensejo que teve, terminou tudo com João, pois queria se dedicar inteiramente a conquista de seu adorado médico.O rompimento deixou Joãozinho perplexo. Como podia ser possível? Justo ela, que parecia gostar tanto dele! Como pôde terminar tudo assim, sem motivo aparente? Por mais que pensasse, ele não conseguia entender. Esta atitude só reforçava sua antiga opinião de que as mulheres eram criaturas muito volúveis e instáveis, eternamente insatisfeitas com o que possuem e sempre buscando novidades. Ele era incapaz de perceber que fora sua conduta permanentemente infantil a responsável pelo desencanto da menina e o consequente término da relação. Pelo contrário: considerava-se agora o mais traído dos homens e jurava para si mesmo que nunca mais se apaixonaria por mulher nenhuma. Afinal, são todas iguais e todas o fariam sofrer.
Assim, desde então, João tem sido visto vagando de festa em festa, de relação em relação, nunca sendo capaz de entregar seu coração (pelo menos é o que ele diz) e sempre desejando, quando chega em casa no fim da noite, reencontrar aquele olhar da menina de cabelo cacheado, que ele nunca mais viu em lugar nenhum.

22.8.06

João e o Pé de Feijão - Parte 2

Por sua vez, Maricota já havia percebido o quanto João a olhava. A bem da verdade, foi ela quem o notou primeiro: aquele garoto moreno, de peito estufado e cara de galinho garnizé, chamava sua atenção. Mas Maricota - muito tímida e um tanto orgulhosa - não daria o braço a torcer de ir puxar assunto primeiro. Até porque, suas coleguinhas vivam dizendo que aquele menino não era boa coisa, que ele deveria ser um delinquente juvenil e outras baboseiras mais.
O tempo passou. Um dia, no recreio, ao vê-lo sentado lanchando sozinho, Maricota decidiu que era hora de dar uma mãozinha pro destino. Sentou-se ao lado dele no banco pra comer seu chocolate e, enquanto tirava o papel lentamente, ia fazendo cara de quem estava prestes a devorar algo delicioso. Isso tudo sem olhar pro lado, deixando Joãozinho com muita vontade de pedir um pedaço, mas também com muito medo de tomar um passa fora. Por fim, a gula venceu o medo e João pediu uma mordida, aproveitando a deixa para falar pela primeira vez com aquela criatura tão esquisita.
Maricota adorou a iniciativa dele. Muito satisfeita com o sucesso de sua estratégia, dividiu sua guloseima de bom grado e aproveitou para entabular uma conversa. A partir daí, tudo pareceu mais fácil: João e Maricota se encontravam todos os dias no recreio e, às escondidas para os amiguinhos não se intromenterem, dividiam seus lanches e riam muito com as histórias que um contava para o outro. (continua...)

João e o Pé de Feijão - Parte 1.

Joãzinho é um menino muito esquisito. Ele já é bem grandinho, mas cisma de não querer crescer. Sua mãe, dona Almerinda, já cansou de explicar que "não tem jeito, a vida é assim, todos nós temos que crescer'! Mas Joãzinho nem dá ouvidos. Ele enfia as mãos nos bolsos da calça clara, estica-os até o fundo e vai andando, fingindo que não está ouvindo o que sua mãe diz, enquanto estoura mais um bola de seu chiclete. João é assim.
Noutro dia, João mudou de escola. Dona Almerinda acreditou que a culpa do comportamento de seu filho era das más companhias com quem ele estava andando, então decidiu mudar de ares. Arrumou toda a papelada e transferiu o Joãozinho. Claro que este não aceitou a mudança tão facilmente: berrou, se jogou no chão, esmurrou a porta, mas nada adiantou! Sua mãe já estava decidida e, a despeito de todos os berros, Joãozinho se apresentou na nova escola naquele início de fevereiro.
Nesta nova escola, tudo era esquisito. Seus antigos amigos não estavam lá e demorou um tempo até João se entrosar com os outros garotos. Mas, havia uma pessoa que atraía sua atenção constantemente, para a qual Joãozinho não se cansava de olhar. Era Maricota, uma menininha ruiva e sardenta, de longos cabelos cacheados, que vivia pra lá e pra cá com suas amigas, contando muitos casos e dando altas gargalhadas.
Joãozinho sentia muita vontade de conversar com Maricota, mas, ao mesmo tempo, tinha muito medo desta aproximação. Aquela menina, que ora parecia muito mais velha que ele, ora muito mais nova, tinha um quê de ameaçador. Talvez fosse aquele cabelo - por vezes muito despenteado - ou então aquelas sardinhas, das quais ela parecia muito se orgulhar. Não, talvez não fosse nada disso! Joãozinho não sabia explicar, só sabia que era melhor correr muito e bastante, pra bem longe dali, porque aquela menina não ia ser boa coisa. (continua...)

Egoísmo

Queria entender por que o ser humano é tão egoísta. Por que ele quer aprisionar, mesmo que sequer possa saborear integralmente sua presa. Quando criança, eu sonhava em pegar uma borboleta. E todas as vezes que eu fiz isso, parti as asas da pobrezinha, o que me deixou com um enorme sentimento de culpa. Até que finalmente eu entendi que, por mais que eu quisesse aquela beleza só pra mim, ela fora feita para agradar aos olhos de todos, voando livre e feliz. E não aprisionada na gaiola dos meus desejos fúteis e mesquinhos. Ela não foi criada para o meu deleite único e exclusivo. Mas para o vôo leve, solto e tranquilo que só as borboletas sabem ter.

21.8.06

Da série Detalhes do Dia-a-Dia, parte 2: os posts que nunca serão postados.

Inaugurei uma nova modalidade de post: o rascunho. Sim, que invenção fantástica! Escrevo, visualizo, mas não publico! Porque não desejo torná-lo PÚBLICO. Voltamos ao primeiro post, que versava sobre a relatividade da exposição no blog e a necessidade do bom senso.
Então brinco, produzo, "verborragio" o quanto queira e no fim, tudo como dantes! Ninguém saiu ferido e, ao mesmo tempo, meu diário virtual fez sentido. Gosto muito disso.

Da série Detalhes do Dia-a-Dia, parte 1: Sinal dos Tempos.

Antigamente, ficava esperando o telefone tocar. Então, passei a esperar o celular tocar. Depois, espero "aquele" e-mail chegar. E agora, espero o sábado chegar. Presencialmente.

18.8.06

Encruzilhadas

Você vem caminhando tranquilamente pela estrada: lá, lá, lá, e de repente surge uma “agulha”. Se você está tal qual Alice – sem saber aonde quer chegar – você pode escolher qualquer uma das direções que não faz diferença. Mas quando você já tem previamente em mente uma meta, então a escolha se torna um pouco mais difícil. “Será que este caminho vai me levar ao fim que busco”? , vamos nos perguntar. Mas não tem jeito: já disse alguém (e muita gente já repetiu este dizer que digo agora) que “não há caminho, o caminho é feito ao caminhar”. Então, a responsabilidade é toda nossa. Nosso livre-arbítrio é quem nos dirige aos páramos celestes ou aos infernos dantescos.
Todo caminho envolve riscos e toda escolha implica em renúncia. Se soubéssemos previamente o fim, teríamos feito aquela escolha? Mas como poderíamos sabê-lo, se o fim é resultado de nossas ações, se este não existe enquanto a gente não chega nele?
Falo isso por falar. Por vezes, acredito em Maktub. Por vezes acho que, independente de nossas ações, o fim já está escrito, porque ELE quer nos ensinar algo. E precisamos atravessar determinada rua para aumentarmos o grau na escola. Como as provas bimestrais. Ou como a prova para tirar a habilitação. Estão lá, independentemente dos seu grau de aplicação. Este na verdade vai interferir em como você vai se sair nestas provas, mas não irá livrá-lo delas.
Todo caminho envolve riscos e receios. Perdas e ganhos.
De minha parte, eu só peço a Deus um pouco de malandragem. Pois sou criança e não conheço a verdade.

16.8.06

O novo sempre vem (ou O cheiro da nova estação).

Sempre tive medo de mudanças. Sonhava com o tempo em que as coisas da vida viriam com a garantia de que nunca iriam se acabar.
Certa vez, disse a uma amiga que não queria ficar velha, porque com 60 anos não conseguiria ir a um show de rock. Ela então me respondeu que ficasse tranquila, porque com 60 anos, EU não iria mais querer ir a um show de rock. Acho que esta foi a primeira vez que parei pra pensar no lado positivo da mudança, apesar de não me sentir efetivamente convencida. Isto é: convencida de que eu aceitaria de bom grado alguma mudança inexorável devido ao fato de que eu também já me encontrasse transformada quando aquela chegasse.
Hoje, já tenho meio caminho andado. Quando algo começa, tenho a tentação de desejar (e de recear) que seja eterno. Mas então penso como a mudança compulsória - aquela não desejada, futuro que chega como "uma astronave que muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar" - acaba por se tornar uma bênção. Porque por mais que doa, por mais que uma perda signifique mais uma marca, todas elas se mostram essenciais para meu crescimento e, muito mais ainda, essenciais para minha felicidade. Quando o "cheiro da nova estação" irrompeu pelos arredores, trouxe com ele a certeza de que eu sou muito melhor, muito mais forte e muito mais feliz do que antes do pedaço arrancado. Porque, a bem da verdade, o pedaço arrancado já não fazia mais parte de mim. Eu é que, por hábito ou acomodação, fingia crer. Mas era apenas membro fantasma e a dor, que não era pouca, se acabou .
E hoje eu quase me arrisco a declarar que mudar é bom. Porque realmente vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação. E eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão...
Ps: "every new beginning comes from some other beginning’s end..."

13.8.06

Para Ana.

Era uma vez uma menina que possuía um dom, que também era uma maldição. Ela podia ver tudo o que as pessoas escondiam dos demais. Todas as “câmaras secretas” de seus seres tornavam-se perscrutáveis pela menina. O dom consistia no fato de que isto dava um poder enorme à garotinha, que possuía conhecimentos indisponíveis aos outros. A maldição era que esta percepção independia de sua vontade e mesmo que ela preferisse não ver (saber), lá estavam expostas ao seu escrutínio, todas as mazelas humanas.
Chegou um momento no qual a menina – extenuada devido a tantas informações involuntariamente colhidas – pensou em desistir. Ela não queria mais saber. Admirava a ignorância como uma bênção, considerava eleitos os que nada viam – ou que fingiam nada ver. Então, no auge de sua dor, rezou com toda força para seu anjo da guarda e quando este se tornou visível, ela lhe fez um pedido: não queria mais saber! Do que adiantava um saber que só causa isolamento e dor? Para que serve um conhecimento que não pode ser compartilhado, pois ninguém é capaz de alcançá-lo?
Seu anjo ouviu pacientemente todas as suas justificadas queixas (ao contrário dos humanos, os anjos são SEMPRE bons ouvintes). E então, quando a menininha acabou sua argumentação, acreditando ser plenamente atendida em sua solicitação, o anjo a tomou pela mão e delicadamente disse: “não”.
Após um breve intervalo em que esteve estupefata, a menina começou a chorar. Com força e mais força até que ela parecia que ia explodir (ela lera uma vez que devíamos proceder assim quando desejávamos muito alguma coisa). E entremeados ao seu choro, ela repetia todos os argumentos que já havia dito ao anjo. Este, por sua, manteve sua placidez usual e novamente esperou que sua protegida concluísse sua fala. E então, ele sentenciou:
- “Menininha, por que sofres assim se foi você mesma quem pediu esta missão?”
- “Missão? Co, como assim”? – ela replicou, ainda soluçando.
- “Sim, missão. A você coube a tarefa de enxergar além da carne e de ouvir além do som. A você coube o trabalho de saber o que aos demais permaneceria obscuro e utilizar este conhecimento em prol da humanidade”.
- “Mas como eu poderia fazer isso? Eu nem mesmo sei o que fazer com todas essas coisas que eu sei e que eu não queria saber! Elas só me trazem angústia e isolamento, pois ninguém as compreende quando eu as falo”.
-“Só que não lhe cabe fazer os outros verem aquilo que você vê. Este conhecimento só pertence a você. Sua tarefa está em, conhecendo profundamente a alma humana, ser capaz de guiá-los na direção do melhor. Se todos já conhecessem o caminho, não necessitariam de ajuda. Mas então sua missão estaria cumprida e você não precisaria mais estar aí.” – explicou o anjo.
-“Quer dizer que eu tenho como dever enxergar e ouvir além e mesmo assim continuar caminhando com estas pessoas e ainda ajudá-las a construírem o melhor”?
-“Sim. E eu só posso te dizer que SEMPRE estarei contigo, mesmo e principalmente, nas horas de maior sacrifício. Mas para tal, é necessário ratificar uma exigência: é preciso que você também esteja ao lado daqueles que não agem corretamente, tentando a todo o momento impedir-lhes a queda diante do abismo”.
E assim o anjo, após um sorriso de bênção, se desfez diante de seus olhos. E a garotinha ainda ficou um bom tempo ali, parada, refletindo como pôde ter sido tão maluca de algum dia ter pedido esta tarefa a Deus.

9.8.06

A Minha Cidade

"Deve ter alamedas verdes, a cidade dos meus amores. E quem dera os moradores, o prefeito e os varredores fossem, somente, crianças."

Minha cidade é assim: cheia de verde e de vida. Com pássaros cantando, borboletas e flores. Minha cidade é um lugar onde ninguém é feliz o tempo inteiro, mas todos buscam encher seus minutos com alegria, mesmo quando seus corações estão tristes.

Minha cidade é um lugar onde as pessoas crêem que o melhor sempre está por vir.

Além disso tudo, na minha cidade sempre haverá sapos. Ao meu ver, um dos bichos mais injustiçados que conheço. Sim, o sapo é um bichinho que não se mete com ninguém. Não me arrisco a dizer que ele é inofensivo porque passei a infância inteira ouvindo falar sobre um possível veneno (letal) que os sapos teriam e como não tenho conhecimento de causa, prefiro calar a boca do que falar besteira. Mas se eles têm ou não veneno, isso é indiferente, porque eles nunca atacam ninguém!
Quando eu era criança, meu jardim tinha um monte de sapos. Toda noite eu via um. Trago comigo até hoje esta lembrança e acho que sempre soava assustadora para as outras ciranças da escola quando declarava meu afeto por estes anfíbios. Só porque eles são diferentes as pessoas os rejeitam. Eu não entendo. Sinto uma ENORME simpatia por eles. Reconheço que sua pele gelada dá um certo nervoso e concordo que eles não despertam em nós o desejo de tocá-los, mas vê-los é agradável. O movimento do papo, a lentidão...até que dão um pulo. E outro. E mais outro. Meu poodle costumava pular atrás deles. A cada salto do sapo, correspondia um salto do Bill. Era divertido.
Enfim: na minha cidade de alamedas verdes, haverá espaço para todos aqueles que andam sendo expulsos destas cidades nas quais temos vivido. Na minha cidade, sempre haverá espaço para o amor, seja da forma que for.

8.8.06

Eu quero ser a Casey!

Quando eu era criança, eu queria ser o Batman. Tive festa de aniversário dele, o Batmóvel, via o desenho sempre e até me fantasiei de Batman em um carnaval (enquanto minha irmã saiu de havaiana, uma graça!). Depois, quando virei adolescente, queria ser o Wolverine. Aquela mistura de humor sarcástico, com um certo ar de abandono e mais sua característica de indestrutibilidade eram (e ainda são) fascinantes para mim. Obviamente, não me fantasiei dele (seria deveras ridículo), mas assistia ao desenho, lia os gibis e vi os filmes. Até que um dia me dei conta que sempre almejava ser um super-herói e nunca uma super-heroína. E me questionei o porquê disto. E conclui que das duas uma: ou elas eram fracas demais, ou eram chatas demais. Ou melhor dizendo: ou não adotavam um comportamento condizente com o poder que possuíam, ou perdiam toda a característica humana que os super-heróis homens conservavam (Bruce Wayne era vingativo e tinha um fraco pela Mulher-Gato, Wolverine é tosco e abobalhado pela Jean, etc.). Mas as heroínas não: ou eram imbecis ou herméticas. Não queria ser como elas.
Então, hoje eu estava assistindo a um dos únicos programas que acompanho na tv e a promotora enfrenta todo o mundo para denunciar um juiz parcial e canalha, que além de condenações injustas, torna-se o responsável pelo homicídio de uma criança, ao inocentar sua mãe após esta cometer a primeira tentativa. E então eu me peguei pensando: "eu quero ser esta promotora, eu quero ser a Casey Novak"! Pela primeira vez, eu via um personagem feminino ser dotado da força e, ao mesmo tempo, das fragilidades que eu penso ter. E isso não é "big deal", realmente. Nem sei direito porque isto virou um post. Deve ser porque agora eu peguei a estranha mania de querer escrever (quase) tudo o que penso. Mesmo que não seja grande coisa. Ou porque talvez, no fundo, eu ache que isto é uma grande coisa sim.

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7.8.06

Mais do mesmo. Mas só por hoje.

"Onde queres família sou maluco, e onde queres romântico, burguês. Onde queres Leblon, sou Pernambuco, e onde queres eunuco, garanhão. E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês, eu não vislumbro razão. Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres cowboy eu sou chinês.
Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor". (Caetano Veloso - O Quereres).
Parece que estamos na contra-mão. Você de dia e eu de noite, ou ao contrário. Você o sim e eu o não, ou ao contrário. Você a dúvida e eu a definição. Ou o contrário? O problema é se um resolver terminar aquilo que o outro não começou. Ou seria pior se um resolvesse alimentar, o que pro outro é inexistente? Deus, isto sim seria terrível! Estamos na contra-mão. Estamos na mão. Estou na mão? Ou não?

Isto não é uma obra de ficção. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

"Tantas respostas e eu não sei nem mesmo o que perguntar. Esperar acontecer, a chegada do momento... Pelas respostas que ouvi, ainda é pouco pra entender porque tudo é assim.
A paciência é longa, a vida é uma escola, o tempo é o professor..."

6.8.06

Cachos

obs: devido às inúmeras broncas e reclamações, alterei o texto do post. Vejam se aprovam agora.
Eu com 3 anos, na escola. Sempre adorei meu cachinhos. E sempre tive uma certa tendência a fazer bico, principalmente se estiver zangada. Mas também sei dar altas gargalhadas e largos sorrisos. Ainda mais quando conto aquelas piadas que ninguém acha graça (só eu) ou ouço as piadas de família, que ninguém mais no mundo conhece (só nós)!

Eu não gostava. Mas agora gosto.

"Eu gosto de ser mulher, sonhar arder de amor ..." Eu não gostava dessa música. Implicava já com o início: achava piegas, brega, bobinho. Na verdade, nunca havia entendido a diferença "mental" de se sentir mulher ou homem. Achava que, no final, éramos todos humanos, com algumas diferenças, mas sem esta especificidade de "ser mulher" e "ser homem". Não negava as singularidades de cada um, mas não entendia como seria este "sentir-se" de um ou outro jeito. Mas hoje eu ouvi esta música e olhei de outra maneira pra ela. Ou ouvi, tanto faz. O fato é que eu finalmente compreendi ao que ela se referia. Que forma era essa: mais arredondada, mais suave, mais saborosa e, principalmente, mais quente. "De ser feliz e sofrer, com quem eu faça calor... Esse querer me ilumina".
"E eu não quero amor, nada de menos. Dispense os jogos desses mais ou menos. Prá que pequenos vícios, se o amor são fogos que se acendem sem artifícios ?"
Estes versos falam por si. Acho que qualquer comentário meu é redundante. Só um detalhe: faço coro, não quero nada de menos.
"Minha vida me alucina. É como um filme que faço. Mas faço melhor ainda do que as estrelas..."
Sempre vi a minha vida como um filme...onde houvesse alguém assistindo, uma mistura de narrador e espectador. Um espectador que avaliasse e julgasse minha performance. E sempre com trilha sonora, claro.
"Então eu digo: amor, chegue mais perto. E prove ao certo qual é o meu sabor. Ouça meu peito agora, venha compor uma trilha sonora, prá o amor..."

Receios

Confesso que meu maior receio - em relação ao blog - era a exposição. Mas, na verdade, com um pouquinho de bom senso, podemos perfeitamente expor nossas idéias sem expor nossa privacidade. É uma grande diferença. estou relamente muitíssimo feliz por ter criado coragem. Muitíssimo feliz por ousar.

Enfim...

acho que estou começando um negócio muito sério...