29.8.06

Da Eterna Busca

Insaciedade. Eis um bom termo. Sou assim: desejo ardentemente alguma coisa e quando consigo alcançá-la, ela já não me basta mais. Que fique claro: não é descontentamento. Fico contente com todas as minhas conquistas. Mas elas nunca me bastam. Sempre quero ampliar mais e mais os meus feitos. Sempre quero ampliar mais e mais meus domínos. Um pouco de megalomania. Um pouco de poder. Um pouco de possessividade. Não me entedio dos meus pertences: de modo algum! Minhas coisas (pessoas, objetos, cargos, relações, saberes, etc, etc) são degustados por mim constantemente. Se tenho alguma coisa que já não me desperta mais interesse, eu a deixo ir embora. Dou para alguém que faça melhor uso. Não sou egoísta e, se não usufruo, me desapego. Mas sempre sinto que preciso ampliar seus raios de ação. Se sou graduada, queo me especializar. Se sou especialista, quero ser mestre. Enfim: entrei na faculdade apenas porque era o único caminho para ser Phd, senão, já teria ido direto pra lá.
Se hoje faço a primeira aula de forró, é apenas porque quero fazer bonito na primeira oportunidade que tiver. Se der certo, vou querer dançar na "dança dos famosos" e por fim, integrar o Calypso.
Se estou desempregada, sonho com alguma ocupação que pague minha Unimed no mês. Se consigo, faço hora extra pra ser promovida. E se for: vou trabalhar de sol a sol para ser chefe.
Se conheço alguém interessante, quero que ele venha falar comigo. Se ele fala, desejo que ele fique. Se ele fica, imagino que nós nos casamos.
Ah! como seria mais fácil querer apenas uma casa no campo, para eu plantar minha família, meus amigos, meus discos, livros e cachorros...mas, como alguém mais perspicaz já pôde perceber, nem a letra original da música já me satisfaz...