22.8.06

João e o Pé de Feijão - Parte 1.

Joãzinho é um menino muito esquisito. Ele já é bem grandinho, mas cisma de não querer crescer. Sua mãe, dona Almerinda, já cansou de explicar que "não tem jeito, a vida é assim, todos nós temos que crescer'! Mas Joãzinho nem dá ouvidos. Ele enfia as mãos nos bolsos da calça clara, estica-os até o fundo e vai andando, fingindo que não está ouvindo o que sua mãe diz, enquanto estoura mais um bola de seu chiclete. João é assim.
Noutro dia, João mudou de escola. Dona Almerinda acreditou que a culpa do comportamento de seu filho era das más companhias com quem ele estava andando, então decidiu mudar de ares. Arrumou toda a papelada e transferiu o Joãozinho. Claro que este não aceitou a mudança tão facilmente: berrou, se jogou no chão, esmurrou a porta, mas nada adiantou! Sua mãe já estava decidida e, a despeito de todos os berros, Joãozinho se apresentou na nova escola naquele início de fevereiro.
Nesta nova escola, tudo era esquisito. Seus antigos amigos não estavam lá e demorou um tempo até João se entrosar com os outros garotos. Mas, havia uma pessoa que atraía sua atenção constantemente, para a qual Joãozinho não se cansava de olhar. Era Maricota, uma menininha ruiva e sardenta, de longos cabelos cacheados, que vivia pra lá e pra cá com suas amigas, contando muitos casos e dando altas gargalhadas.
Joãozinho sentia muita vontade de conversar com Maricota, mas, ao mesmo tempo, tinha muito medo desta aproximação. Aquela menina, que ora parecia muito mais velha que ele, ora muito mais nova, tinha um quê de ameaçador. Talvez fosse aquele cabelo - por vezes muito despenteado - ou então aquelas sardinhas, das quais ela parecia muito se orgulhar. Não, talvez não fosse nada disso! Joãozinho não sabia explicar, só sabia que era melhor correr muito e bastante, pra bem longe dali, porque aquela menina não ia ser boa coisa. (continua...)