4.9.06

Daquilo que eu sei

Eu sei do que eu vivi. Não que eu não tenha lido diversos manuais, eu os li. Por obrigação ou por vontade própria, o fato é que os li. Afinal, deve ter alguma coisa que preste naquelas receitinhas.
Mas não é isso a que me refiro. Do que eu li, só ficou o que eu pus à prova. O que tenho, o que trago comigo, são os baús das minhas histórias vividas. Baús pesados, de madeira de lei. Daquela antes da consciência ecológica ser despertada, senão, eu juro que trocaria por outro material, mais leve e que contribuísse pro desenvolvimento sustentável. Enfim. Daquilo que eu sei. Foi o que vivi, vi, ou o que ouvi. Dá praticamente no mesmo, considerando a imaginação fértil que tenho.
Não quero dizer com isso que saiba mais que os outros. Pelo contrário: acho, muitas vezes, que sei menos. Ou, pelo menos, menos do que eu queria saber. Apenas afirmo - e repito, pra mó de que não haja dúvida - que meu conhecimento (eu prefiro sabedoria, mas aí soa muito pernóstico) deriva das minhas experiências. Resulta de muitos "não" e de poucos "sim" que eu coleciono ao longo da vida. Não veio como parte integrante do álbum de figurinha, não aprendi no jornal das oito, não conclui no teste da revista. Advém de cada corte na carne, de cada gota de sangue que muitas vezes amargou meu paladar. Daquilo que eu sei, tudo passou pelo crivo da minha pele. Dos meus sentidos. Da minha mente, mas, principlamente, do meu coração.
E é por isso que hoje, com tranquilidade eu afirmo: digam o que disserem, eu ouço todos os conselhos. Mas meu juiz vive - acordado e trabalhando noite e dia - dentro de mim. E podem me cobrar tudo aquilo que eu fizer. No dia do julgamento, não vou culpar ninguém: eu fui, sou e sempre serei, senhora do meu destino. Porque caráter é
destino.