16.10.06

Sou espírita. Mas, antes e acima de tudo, sou cristã. E ser cristã, para mim, significa automaticamente “amar a Deus sobre todas as coisas”. Não é uma lição muito fácil de cumprir. Amamos nossos interesses particulares, amamos algumas pessoas que também nos amam, outras poucas que talvez nem tanto, mas amar algo que sequer compreendemos é de uma esfera mais complexa.
Mas eu acredito Nele. E acredito que esta minha crença é uma forma de amor. E acredito, principalmente, que ele está SEMPRE perto de mim. Em todos os momentos, inclusive – e principalmente – naqueles em que nem eu reconheço isto, quando ameaço me rebelar contra tudo que estou escrevendo aqui.
Para o espírita, Jesus é o espírito mais evoluído do nosso planeta, mas ele não é Deus. Filho dileto, mas que não é o Criador. Todavia, na prática, esta distinção quase não se percebe, pois lhe devotamos todo o amor, respeito, admiração e desejo de seguirmos no caminho que ele indicou. Assim é que as palavras “Deus” e “Jesus” se fundem em nossos corações, pois por meio do segundo, podemos alcançar o primeiro, cuja definição escapa aos limitados conceitos humanos.
Enfim, isto tudo para eu dizer que eu sei que Deus tem a hora certa para tudo. É uma das lições mais difíceis para eu aprender, porque sempre almejo determinar o dia e a hora dos acontecimentos da minha vida, oni e prepotente que sou. Apanhei e ainda apanho muito para entender que quase nada está em minhas mãos. Mal e parcamente eu mesma estou. Eu mal controlo a mim mesma, como poderia controlar os acontecimentos externos? Ah, insolência!
Os frutos têm a hora de serem desfrutados, os filhos, de virem à luz. O dia de nascer, a lua de subir ao firmamento. Então, por que atropelar? Por que tentar impor o nosso tempo ao tempo de Deus – infinitamente maior e mais perfeito? Por que esta insistência estúpida, esta burrice arrogante de pensar que sabe tudo, quando não se sabe nem mesmo o óbvio?
Hein, Daphne? Quando você vai aprender?