10.9.07

Kitesurf

"Mesmo com tantos motivos, para deixar tudo como está. Nem desistir nem tentar, agora tanto faz..."
Surpreendentemente, minha mente hoje está em paz. Está tranquila e límpida, meus ombros relaxados e sinto que desafivelei o peso do mundo que costumo carregar em minhas costas. Penso em muitas coisas, em todas, na verdade, que sempre costumo pensar. Na vontade de continuar meus estudos, na necessidade de ganhar mais dinheiro, nos inadimplentes, na urgência de voltar a malhar, no conserto do carro para o qual não há dinheiro e também não há a certeza de que deva ser feito e, "fora tudo o mais que penso", eu só penso em você.
Mas meus dentes estão destravados. Minhas costas, leves. Não sei se foi a água salgada, que dizem, é muito boa para descarregar as energias ruins. Ou se foram aqueles caram fazendo kitesurf, o que me deu uma vontade enorme de me aventurar, de me jogar, de fazer algo "radical", ao ar livre. Algo como o próprio kitesurf, uma trilha ou até correr num rally. Qualquer coisa transgressiva, que fosse na contramão da minha natureza, de ordinário caseira e contida. Acho que podem ter sido as palavras do cirurgião-dentista que está tentando resolver minha dor crônica de 15 anos e me diz que, se eu não me modificar, ele não vai poder me ajudar. E eu saio de lá me perguntando: mas como? Como? E hoje, andando pela praia, aquele vento forte me descabelando, as ondas molhando meus pertences que estavam seguros em meus braços, eu via a resposta: é preciso se aventurar. É perciso se jogar, se arriscar. É preciso que o corpo aja. Porque sempre vivi no mental e sempre sacrifiquei meu corpo. Mas agora ele tem urgência de fazer, de agir, de ser. De mergulhar! De caminhar, correr, pedalar com o vento nos cabelos!
Sim, mergulhar! Sexta feira, mergulhei na praia. Acredito que tenha, no mínimo uns 5 anos -certamente mais - que não submergia no mar. Que choque! Que experiência arrebatadora: me deixar lamber pelas ondas do mar! Levantei confusa: como? Como? E acho que, a partir daí, não posso mais ser a mesma Na verdade, a partir de muito tempo não posso mais ser a mesma. às vezes acho que preciso exploidir, me fazer em milhões de cacos, para dar vazão ao que vai dentro de mim.
E volto à questão inicial. Porque para os inadimplentes, o remédio é a experiência. Para a falta de dinheiro, a fé - aliada ao trabalho - de que novos chegarão. Para o carro, o bom senso. Para a academia, o paliativo da bicicleta restaurada. Para os estudos, sempre tentando de novo. E para você?

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