Carta a uma Vampira
Quando eu era adolescente, minha melhor amiga subitamente se tornou minha pior inimiga e passou a fazer de tudo para me atormentar. Uma de suas estratégias preferidas - e mais perversas - era inventar que ela, ou qualquer outra menina de seu clã, foram "cantadas" pelo menino por quem eu era apaixonada. Eu sofria horrores com isto, até porque, aos 13 anos, eu vivia o auge da minha timidez e insegurança e este menino era simplesmente um ídolo, absolutamente distante e platônico, inalcançável demais para mim (pelo menos, eu acreditava nisto). Então, estas pequenas crueldades só vinham ratificar o que eu pensava: que elas eram muito mais bonitas do que eu e que era óbvio que ele jamais se interessaria por mim, mas certamente se interessaria por elas. A sorte foi que a menina que se tornou minha "nova grande amiga" era muito popular. E gostava muito de mim. Então, foi averiguar junto ao garoto que história era aquela. E qual não foi a minha surpresa quando descobri que era tudo invenção! O cara sequer conhecia aquelas garotas e jamais tentara nada com elas. Conto isto porque hoje, aos 29 anos, tenho um sentimento bastante semelhante ao que aquelas meninas provocavam em mim. Com a diferença que, com o passar dos anos, minha auto-confiança aumentou consideravelmente e hoje em dia me sinto incrivelmente irresistível! (tá bom, estou só brincando, para aliviar um post meio pesado! Continuando...) E este sentimento vem à tona porque novamente me deparo com uma mulher sem escrúpulos que insiste em tentar me atingir usando uma pseudo paixão platônica. Só que, o que esta mentecapta não sabe é que, diferentemente de 16 anos atrás, eu hoje sou uma mulher muito mais segura, satisfeita com o que tenho e sou e, principalmente, não caio mais nas armadilhas destas criaturas vampirescas, que vivem de sugar a energia alheia. Vá tirar farinha com a vovozinha! Você pra mim não vale nada! É uma impostora, uma enganação, que só aquele tolo do seu namorado acredita. Mas ele pra mim também já passou! Ele também é uma enganação, só que, ao contrário de você, ele engana a si mesmo, repetindo constantemente que escolheu o caminho certo e que valeu a pena. Azar o dele! Quem jogou a vida fora foi ele, não eu! A minha vida é infinitamente melhor agora, quando eu não preciso mais conviver com as suas mentiras e nem com a covardia e a fraqueza dele. Vá embora! Suma! Você não me assombra mais! Você não me atinge mais. Mil vezes a angústia desta minha busca que o desespero que você me impingia. E, em homenagem a todas as estas impostoras que já fizeram parte da minha vida, eu deixo um trecho desta canção: "Cuidado, oxente!/Está no meu querer poder fazer você desabar/Do salto, nem tente/Manter as coisas como estão porque não dá, não vai dar/Largada, demente/A melodia do meu samba põe você no lugar/Me larga, não enche/Me deixa cantar, me deixa cantar, me deixa cantar, me deixa cantar/Eu vouClarificar/A minha voz/Gritando: nada mais de nós!/Mando meu bando anunciar/Vou me livrar de você/Harpia, aranha!/Sabedoria de rapina e de enredar, de enredar/Perua, piranha,/Minha energia é que mantém você suspensa no ar/Pra rua! se manda!/Sai do meu sangue sanguessuga, que só sabe sugar/Pirata, malandra!/Me deixa gozar, me deixa gozar, me deixa gozar, me deixa gozar/Vagaba, vampira!/O velho esquema desmorona desta vez pra valer/Tarada, mesquinha!pensa que é a dona e eu lhe pergunto: quem lhe deu tanto axé?/À-toa, vadia!/Começa uma outra história aqui na luz deste dia "D"/Na boa, na minha,/Eu vou viver dez,/Eu vou viver cem,Eu vou vou viver mil,Eu vou viver sem você."* Ps: depois, aproveita e pede pra ele te contar sobre todas as vezes que ele me confidenciou o quanto ele estava infeliz, o quanto ele estava mal com ele mesmo. E, principalmente, pede para ele te contar sobre os apertados e demorados abraços que nós trocávamos, quando você não estava por perto. Não esquece, hein! Ps2: aproveita e ensaina a ele sobre o bouquet de um vinho usando algum exemplar melhorzinho. Se Beaujolais não for possível, arruma um intermediário, porque Santa Helena é lixo! *In: Não Enche - Composição: Caetano Veloso
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