27.7.08

Alto. Altíssimo.

Escrevendo o post abaixo, lembrei-me de uma história muito engraçada.
Um evento ia ocorrer em comemoração a um novo Programa do governo federal, a ser lançado na ONG em que eu trabalhava, no Complexo da Maré. E contaríamos com a presença de ministros, para os quais seriam realizadas apresentações de grupos culturais.
Contratamos, então, uma empresa para montagem do palco. Todavia, eles só poderiam fazer a montagem no domingo à noite. Ficamos – eu e o resto da equipe – aguardando a empresa. Qual não foi nossa surpresa quando o responsável técnico chegou lá completamente apavorado porque, à entrada da Vila do João, ele foi abordado pelos traficantes locais – fortemente armados – e sabatinado (com aquela delicadeza que só os bandidos sabem ter) a respeito de onde estava indo.
Orlando era o nome deste rapaz. Alto, altíssimo. Chegou lá apavorado, implorando que o ajudássemos na hora de sua saída. Procurei tranqüilizá-lo, explicando que ele cometeu erros básicos, pois entrara com farol aceso, vidros fechados, enfim, coisas inadmissíveis naquele lugar àquela hora. Prometi a ele que o acompanharia até a saída e que ele se acalmasse. Ele não se acalmou. Repetia ad nauseam para que eu o acompanhasse, para que eu não o deixasse só, etc, etc... e eu, repetia, idem, que o acompanharia.
Assim o fiz. Fui em meu carro à frente, “abrindo caminho” para ele e olhando o tempo todo pelo retrovisor, a fim de verificar seu estado. Alcançamos a saída da Av. Brasil por onde ele poderia, enfim, seguir "em segurança". Neste momento, quando emparelhamos os carros para nos despedir, Orlando falou:-“Me desculpe o medo. Obrigado por me proteger”. E partiu.
Que situação estranha que eu volta e meia me encontro. Tendo que proteger estes homens altos. Altíssimos.

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